Eu me chamo Pedro e tenho 7 anos. Eu tenho uma estrela,
sabe? Uma estrelona, linda, que está lá no céu, brilhando, todos os dias.
Quando eu tinha 3 anos, para salvar meu dente da frente que
ficou mole porque eu caí de boca brincando na gangorra da escola, minha
dentista me disse que... EU TERIA QUE PARAR DE USAR A MINHA QUERIDA CHUPETA
VERDE!
A chupeta ou o dente! ela me mandou escolher.
Bom, eu nem quis ouvir direito essa proposta tão maluca! A
doutora Virgínia e a minha mãe tentaram conversar comigo, explicar por que era
importante eu não perder um dente tão cedo e... nada. Eu só olhava com o olho
mais comprido do mundo para a chupeta verde, minha companheira do sono mais
gostoso do mundo! Como dormir sem ela?
Na primeira noite em que fiquei sem a minha querida chupeta,
só lembro de sentir o cheiro da minha mãe, que me carregou no colo enquanto
papai dirigia nosso carro, passeando em frente ao meu parque preferido pra ver
se eu enfim conseguia pegar no sono...
No dia seguinte fui com minha mãe e meu irmão ao parque e
levei pão para dar aos patos que moram num lago bem bonito que tem lá. Um pato
maior e mais cinza que os outros me chamou a atenção. Ele veio várias vezes
comer pão na minha mão e eu gostei dele. Parecia o patinho feio da história que
meu pai sempre contava antes de eu dormir.
Mamãe chegou perto de nós e disse que aquele era mesmo um
pato especial. Ele costumava tomar conta das chupetas de alguns meninos. E
fazia isso muito bem: ele transformava todas em estrelas! Superlegal!
Pus o nome naquele pato de Pato Pão. Eu não queria perder
nem o meu dente nem a minha chupeta... Talvez o Pato Pão fosse a solução para o
meu problema! Então... resolvi dar a minha chupeta verde para ele. Ele pegou
minha chupeta verde com o bico e atirou longe, no lago. Eu fiquei olhando para
ela boiando, boiando... até desaparecer... Na hora de entregar a minha chupeta
verde, mesmo para um pato tão especial como o Pato Pão, eu segurei bem forte a
mão da minha mãe e a do meu irmão!
Enquanto a minha chupeta verde ia embora no lago, pensei que
naquela noite ela não ia estar embaixo do meu travesseiro. Eu teria que ir até
a janela se quisesse dar uma espiada nela.
Quando a noite apareceu, meu pai chegou do trabalho e se
deitou na cama comigo, olhando pro céu, procurando a minha estrela-chupeta
verde. Eu vi primeiro e nós dois batemos palmas pra ela! Aí eu só me lembro de
adormecer com aquele brilho de estrela no meu olho e a sensação do abraço
enorme do meu pai.
Todas as vezes em que penso na minha chupeta, olho pro céu,
procurando a estrela-chupeta verde. Agora, a saudade, em vez de crescer como
eu, fica menor a cada noite. Deve ser porque meninos grandes gostam mais de
estrelas no céu do que de chupetas, eu acho.
Conto de Januária Alves
Ilustrado por Ionit Zilberman
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