Desde o final do século 19, organizações femininas
oriundas de movimentos operários protestavam em vários países da Europa e nos
Estados Unidos. As jornadas de trabalho de aproximadamente 15 horas diárias e
os salários medíocres introduzidos pela Revolução Industrial levaram as
mulheres a greves para reivindicar melhores condições de trabalho e o fim do
trabalho infantil, comum nas fábricas durante o período.
O primeiro Dia Nacional da Mulher foi celebrado em maio
de 1908 nos Estados Unidos, quando cerca de 1500 mulheres aderiram a uma
manifestação em prol da igualdade econômica e política no país. No ano
seguinte, o Partido Socialista dos EUA oficializou a data como sendo 28 de
fevereiro, com um protesto que reuniu mais de 3 mil pessoas no centro de Nova York
e culminou, em novembro de 1909, em uma longa greve têxtil que fechou quase 500
fábricas americanas.
Em 1910, durante a II Conferência Internacional de
Mulheres Socialistas na Dinamarca, uma resolução para a criação de uma data
anual para a celebração dos direitos da mulher foi aprovada por mais de cem
representantes de 17 países. O objetivo era honrar as lutas femininas e, assim,
obter suporte para instituir o sufrágio universal em diversas nações.
Com a Primeira Guerra Mundial (1914-1918) eclodiram ainda
mais protestos em todo o mundo. Mas foi em 8 de março de 1917 (23 de fevereiro
no calendário Juliano, adotado pela Rússia até então), quando aproximadamente
90 mil operárias manifestaram-se contra o Czar Nicolau II, as más condições de
trabalho, a fome e a participação russa na guerra - em um protesto conhecido
como "Pão e Paz" - que a data consagrou-se, embora tenha sido
oficializada como Dia Internacional da Mulher, apenas em 1921.
Somente mais de 20 anos depois, em 1945, a Organização
das Nações Unidas (ONU) assinou o primeiro acordo internacional que afirmava
princípios de igualdade entre homens e mulheres. Nos anos 1960, o movimento
feminista ganhou corpo, em 1975 comemorou-se oficialmente o Ano Internacional
da Mulher e em 1977 o "8 de março" foi reconhecido oficialmente pelas
Nações Unidas.
"O 8 de março deve ser visto como momento de
mobilização para a conquista de direitos e para discutir as discriminações e
violências morais, físicas e sexuais ainda sofridas pelas mulheres, impedindo
que retrocessos ameacem o que já foi alcançado em diversos países",
explica a professora Maria Célia Orlato Selem, mestre em Estudos Feministas
pela Universidade de Brasília e doutoranda em História Cultural pela
Universidade de Campinas (Unicamp).
No Brasil, as movimentações em prol dos direitos da
mulher surgiram em meio aos grupos anarquistas do início do século 20, que
buscavam, assim como nos demais países, melhores condições de trabalho e
qualidade de vida. A luta feminina ganhou força com o movimento das
sufragistas, nas décadas de 1920 e 30, que conseguiram o direito ao voto em
1932, na Constituição promulgada por Getúlio Vargas. A partir dos anos 1970
emergiram no país organizações que passaram a incluir na pauta das discussões a
igualdade entre os gêneros, a sexualidade e a saúde da mulher. Em 1982, o
feminismo passou a manter um diálogo importante com o Estado, com a criação do
Conselho Estadual da Condição Feminina em São Paulo, e em 1985, com o
aparecimento da primeira Delegacia Especializada da Mulher.
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